O Simpsons não erram uma...
No Brasil, desde a carta de Pero Vaz de Caminha, a luta sem tréguas entre uma elite refestelada
em seus privilégios odiáveis e a massa dos cidadãos comuns por ela subjugada
até agora deu vitória à primeira.
Hoje, essa luta cruel pode ser claramente observada pela
encarniçada defesa que magistrados, políticos, sindicalistas e a cúpula do
funcionalismo público com o apoio dos partidos de esquerda (ora, vejam) fazem de
suas aposentadorias nababescas docilmente financiadas pelos pagadores de
impostos.
Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia tripudiou sobre a
pretensão do Ministro da Justiça, Sérgio
Moro de fazer com que as discussões sobre seu pacote anticrime prosperassem
concomitantemente à da reforma da Previdência. Moro retrucou que o país não
suporta mais a leniência com os criminosos.
Hoje, o ex-Presidente Michel Temer e Moreira Franco, seu ex-ministro de
Minas e Energia, que também é o sogro de Rodrigo
Maia foram presos. Até quando ficarão retidos não se sabe, já que o país se
tornou refém da sua mais alta corte em práticas que se colocam cinicamente a
favor dos criminosos do colarinho branco.
A ação de hoje, realizada pela Polícia Federal, é o resultado da Operação Radioatividade que apurou os crimes de corrupção ativa, passiva,
lavagem de dinheiro e fraude a licitações visando obras da usina nuclear Angra
3.
O esquema já é nosso velho conhecido. Empresas de
fachada, sem pessoal nem capacidade técnica, ganham uma licitação e
subcontratam outra com a condição de que essa repasse dinheiro ilícito sob a
forma de propina a agentes públicos. Os beneficiados, segundo o Ministério Público, incluem Michel Temer e seus comparsas. O operador-mor das práticas delituosas é,
vejam vocês, o vetusto coronel reformado João
Batista Lima Filho, o “Coronel Lima”, ao que parece, o verdadeiro “Laranja”
presidencial.
Há poucos dias, a operação Lava Jato sofreu um revés pelo STF
que decidiu colocar mais pedras no seu corajoso caminho para a punição de
meliantes endinheirados. O juiz da Lava-Jato
carioca, Marcelo Bretas, teve que
ressaltar no seu despacho que a prisão de Temer
et caterva não se enquadra como “crime
eleitoral” – é mesmo crime comum daqueles que figurões praticam com a certeza
da impunidade.
Leiam alguns dos trechos da ação do Ministério Público que ensejou a prisão
de Temer e seus sequazes:
“Michel Temer é o líder de uma
organização criminosa, que ocupou
durante ao menos quase duas décadas muitos dos cargos mais importantes da
República, e se valeu de tal poder político para transformar os mais diversos
braços do Estado brasileiro em uma máquina de arrecadação de propinas”.
“O posto
de liderança de Michel Temer perante a organização criminosa é facilmente
identificável por diversos aspectos. Ele se comportava como quem tem o controle
da atividade criminosa dos demais integrantes, de maneira que, mesmo sem ter o
conhecimento específico de como cada um deles está praticando seus crimes,
mantém o controle geral do que ou não ser feito na atividade criminosa da
organização. Assim ele é consultado pelos outros integrantes em momentos
críticos e estratégicos dos rumos a serem tomados pela organização, bem como em
eventuais embates internos entre integrantes subalternos.”
“Michel
Temer, como líder da organização criminosa, possuía ascendência sobre todos os
núcleos, especialmente o político e o financeiro, se relacionando ainda com a
cúpula do núcleo empresarial, isto é, com os donos de grandes empresas
dispostos a pagarem propina. Reforça essa liderança de Michel Temer perante a
organização criminosa os cargos de chefia tanto sem seu partido, como cargos
políticos.”
O tamanho do roubo segundo a Lava-Jato: mais R$ 1,8 bilhões envolvendo variados órgãos
públicos e empresas estatais.
O outono começou quente...
Em tempo:
Acaba de ser publicado na imprensa que um preposto do Coronel Lima tentou depositar R$ 20 milhões na conta da sua empresa (em dinheiro vivo) em outubro de 2018. O COAF foi avisado que o banco se recusou a receber o depósito por suspeitar se tratar de recursos de origem ilícita.