A maioria dos partidos
brasileiros é como o retrato de Dorian Gray. Aquele mesmo que vendeu a alma
ao diabo para poder refletir uma imagem bela por toda a eternidade. Não deu
certo. Temos por aqui um sábio ditado popular que desnuda de vez essa estratégia:
“por fora bela viola, por dentro pão
bolorento”.
Antes, porém, é preciso
desmistificar a vetusta divisão dos partidos como se pertencessem à escala de
mobilidade em direção à Terra do Nunca. Ela, como se sabe, vai da extrema
esquerda à extrema direita. Faz sentido: quem optar por caminhos tão antípodas
jamais se encontrará em parte alguma.
A divisão entre “esquerda” e
“direita” vem lá do longínquo ano de 1789. Na Revolução Francesa os girondinos
(liberais) e os jacobinos (extremistas) sentavam-se em lados opostos à direita
e à esquerda no plenário da Assembleia Nacional. A coisa passou à história como
se os esquerdistas fossem os protetores definitivos do humanismo. Os fiadores
dos oprimidos planetários. E os direitistas, exploradores desalmados.
Esqueça tudo isso. Os regimes
que se basearam na filosofia de “esquerda” todos, sem exceção, deram com os
burros n’ água. Incompetentes viscerais, apenas trocaram os donos do poder
anterior por eles próprios e claro, se locupletaram como nunca se vira dantes
de tanta sede que foram ao pote do poder e do dinheiro fácil. O final você já
conhece. Da Rússia marxista à Venezuela chavista tudo é igual na capacidade de
destruir a capacidade produtiva e eliminar sumariamente quem ouse se contrapor
aos brutais detentores do aparelho repressor estatal.
É hilário, hoje, ver nossa
esquerda incensar Putin que
persegue, mata ou aprisiona gays, ativistas ou políticos que pensam de forma
diferente.
“Esquerda” é gêmeo
univitelíneo do estatismo, autoritarismo, intervencionismo, assistencialismo,
moral dúbia, cinismo ético e lavagem cerebral. Para enganar os trouxas, a
esquerda adota dois eufemismos pra lá de manjados: “socialismo” ao invés de
“comunismo” e se autodeclaram “progressistas” quando o são tanto quanto um
carro que só consegue engrenar a marcha à ré. Vide Coreia do Norte e Cuba.
Outra palavrinha mágica do
dicionário dos esquerdopatas é “democracia”. Eles a usam sem qualquer vergonha
na cara. Na verdade, é uma forma ardilosa de psicologia inversa. Psicopatas costumam
defender obstinadamente aquilo que jamais colocarão em prática. A democrata
Venezuela acaba de assassinar o oposicionista Fernando Albán usando o surrado estratagema de alegar que ele “pulou
do décimo andar” do prédio onde se encontrava preso. Antes já havia
estrangulado Rodolfo González.
Como
sabemos, Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, Líbia, Síria, Rússia, Turquia,
Angola são os pináculos mundiais do exemplo democrático. É de chorar de rir!
A “Direita” também tem seu
lado B. Apesar de, via de regra, estar associada ao capitalismo e ao estado de
direito, ela quase sempre atua para a manutenção dos costumes e pode chegar, in extremis, ao nacionalismo exacerbado
com todas as suas conotações mais nefastas como o racismo e a intolerância. Trump, tem em comum com Putin o desapreço aos “diferentes”
sejam eles gays, negros, latinos ou muçulmanos. Trump também odeia a imprensa (a que fala mal dele, bem entendido).
É a síndrome da atração fatal entre os extremos.
No século 21, o moderno atende
pelo nome de liberalismo: liberdade individual para ser o que se quiser e possibilidades
ilimitadas de empreendedorismo a partir do combo trabalho, mérito e
competitividade. A chave é Estado
pequeno e cidadão grande, sem a tutela do governo que fica restrito àquilo que
se espera dele: educação básica, saúde e segurança. Simples assim.
Saem de cena os conchavos
secretos, as trocas de favores (quase sempre espúrias), a burocracia infernal,
a insegurança jurídica, a ideologização da educação e claro, a corrupção como
mola mestra do sistema político.
Nome
|
Ícones e Líderes
|
Bancada
|
Ideologia
|
PT
|
Lula, Haddad, Zé Dirceu
|
56
|
Esquerda
|
PSB
|
Eduardo Campos, Márcio França
|
32
|
Esquerda
|
PDT
|
Brizola, Ciro Gomes
|
28
|
Esquerda
|
PC do B
|
Manuela D’Ávila
|
9
|
Extrema Esquerda
|
PSOL
|
Guilherme Boulos - MTST
|
10
|
Extrema Esquerda
|
PPS
|
Roberto Freire
|
8
|
Esquerda
|
PROS
|
Eurípedes Jr.
|
8
|
Esquerda
|
PMN
|
Celso Brandt, Oscar Noronha
|
3
|
Extrema Esquerda
|
Rede
|
Marina Silva
|
1
|
Esquerda
|
PPL
|
João Goulart Filho
|
1
|
Extrema Esquerda
|
Total
|
156
|
Nome
|
Ícones e Líderes
|
Bancada
|
Ideologia
|
MDB
|
Michel Temer, Renan Calheiros, Henrique Meireles
|
34
|
Centro-esquerda
|
PSDB
|
FHC, Alkmin, Doria
|
29
|
Centro-esquerda
|
PSD
|
Ratinho Jr,Gilberto Kassab
|
34
|
Centro-esquerda
|
PODEMOS
|
Álvaro Dias
|
11
|
Centro-esquerda
|
SD
|
Paulinho da Força
|
13
|
Centro-esquerda
|
PV
|
Sarney Filho
|
4
|
Centro-esquerda
|
Avante
|
Cândido Vaccarezza
|
7
|
Centro-esquerda
|
Total
|
132
|
Nome
|
Ícones e Líderes
|
Bancada
|
Ideologia
|
PR
|
Anthony Garotinho,Tiririca
|
33
|
Centro
|
PP
|
Ana Amélia, Paulo Maluf
|
37
|
Centro
|
PTB
|
Roberto Jefferson
|
10
|
Centro
|
DEM
|
Rodrigo Maia, ACM Neto
|
29
|
Centro
|
PRB
|
Marcelo Crivella, C. Russomano
|
30
|
Centro
|
Total
|
139
|
Nome
|
Ícones e Líderes
|
Bancada
|
Ideologia
|
PSL
|
Jair Bolsonaro
|
52
|
Direita
|
PSC
|
Wilson Witzel
|
8
|
Direita
|
PHS
|
Eduardo Machado
|
6
|
Direita
|
Patriotas
|
Cabo Daciolo
|
5
|
Extrema Direita
|
PTC
|
Collor de Mello
|
2
|
Direita
|
PRP
|
Ademar de Barros, Ovasco Resende
|
4
|
Direita
|
DC
|
José Maria Eymael
|
1
|
Direita
|
Total
|
78
|
Nome
|
Ícones e Líderes
|
Bancada
|
Ideologia
|
Novo
|
João Amoedo
|
8
|
Liberalismo
|
Total
|
8
|
O novo Congresso estará dividido
entre 156 radicais de esquerda que tudo farão para inviabilizar qualquer
governo que não sejam eles próprios e uma bancada mais ou menos cooptável a
partir das vantagens que lhes for oferecida. Não se pode precisar ao certo este
número. A soma de todos os que não estão lobotomizados nas hostes esquerdopatas
dá 357. Dentre eles se encontram nacionalistas empedernidos e corporativistas de
raiz. Com partidos assim não se pode prever absolutamente nada. E esses 357 não são exatamente como os 300 de Esparta.
É esperar que o NOVO cresça e crie massa crítica. Algo
para as futuras gerações. Não viverei para ver.