Na última Copa do Mundo o país
quase entrou em coma após os 7x1 da Alemanha. Era a antecipação do buraco negro
definitivo a sugar a honra nacional e o futuro das próximas gerações. Puro
engodo pueril. Perdemos de 7 x1, há décadas, em tudo o que realmente conta: da
educação básica à gestão estratégica que determina nosso projeto de nação.
Aliás, nem temos um projeto de nação.
Ou talvez tenhamos. E ele está
nas mãos de minorias aguerridas em manter seus privilégios corporativos e
pessoais à custa do suor e sangue dos milhões de cidadãos apáticos que preferem
chorar as perdas de uma partida de futebol.
Isso vem de séculos. Quando
éramos colônia, quatro quintos da receita de Portugal vinha de recursos e
riquezas brasileiras. A contrapartida? Pífia. Quase inexistente. Manter a corte
e as castas portuguesas (clero inclusive) custava caro. Quando Dom João VI
fugiu de Lisboa com 15 mil cortesãos, para se safar da invasão das tropas
francesas comandadas por Junot, importamos o modelo que nos asfixia até hoje.
Nosso primeiro curso superior,
foi instalado com dois séculos e meio de atraso em relação à América Espanhola.
Quando a faculdade de medicina de Salvador começou a operar já havia 23
universidades no continente. Logo após a chegada dos primeiros colonos ingleses
na região norte as faculdades abriam suas salas de aula.
Mas, tem coisa pior. A
imprensa fora banida do território nacional pelos portugueses. A primeira
prensa tipográfica chegou por aqui exatos 358 anos após a genial invenção de
Gutemberg. Nos outros países a multiplicação da informação corria solta... Como
sabemos todos, ter uma sociedade letrada e informada é a base para a formação
de uma poderosa massa crítica.
Jorge Caldeira, em seu livro
“História da Riqueza do Brasil” nos mostra a face mais macabra dessas escolhas
erradas. Em 1776, o livro “Common Sense” de Tom Payne já era best-seller dentre
a população norte-americana com a venda de 400 mil exemplares. Enquanto apenas
1% dos brasileiros sabia ler e escrever em 1800, este número era de
impressionantes 70% da população adulta nas colônias inglesas. Havia mais
alfabetizados nos Estados Unidos da época do que, inclusive, na própria
Inglaterra.
Não reclame que Lula tem 30 %
das intenções de voto. Nossa taxa de analfabetismo em pleno século 21 é de 7%.
São cerca de 11,5 milhões de votantes sensíveis apenas a uma cesta básica ou um
bolsa-família. Mas, claro tem algo mais deletério que a ignorância. E isso se
chama políticos venais, corporações cruéis e uma elite que professa crenças e
valores nocivos à ideia de um país moderno e desenvolvido.
A verdadeira Copa será jogada
nos dias 7 e 28 de outubro. Não reeleja ninguém quando esses dias chegarem.
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