Em 1830, Londres era
uma das cidades mais sujas do mundo. Na maioria dos bairros o esgoto corria a
céu aberto. As ruas acumulavam toneladas de lixo. O Tâmisa funcionava como uma privada
gigante na qual se despejava absolutamente tudo: de restos de comida até
cadáveres. Tamanha imundície, era a
porta de entrada para todo o tipo de doenças e epidemias. Em 1832, um surto de
cólera ceifou a vida de 60 mil britânicos.
Paris sofria do mesmo
mal. A Nova Iorque de 1890 estava soterrada em bosta e urina de cavalo. Isso
pertence ao passado para estas cidades. Sujeira e descalabro ambiental, nestas metrópoles,
é a exceção gritante hoje em dia.
No século da
ubiquidade digital, boa parcela da humanidade convive com um celular na mão e
lixo sob os pés.
Há uma miríade de
rankings e publicações sobre cidades mais poluídas, sujas e perigosas na
internet. Desde renomadas instituições como a OMS – Organização Mundial da
Saúde, até sites de turismo como o Tripadvisor nos disponibilizam informações
sobre a qualidade de vida dos cidadãos e turistas em cidades nos cinco
continentes.
Fico sabendo que
Mumbai, das grandes cidades, é, de longe, a mais suja do planeta seguida de perto por
Marrakesh, Bangkok e Hanoi. Se o critério for poluição ambiental, a taça fica
com Porto Príncipe no Haiti, seguida de Daka em Blagladesh e Baku, no
Azerbaijão.
No Brasil, as piores
capitais para se viver, ou seja, aquelas com IDH-Índice de Desenvolvimento Humano
mais baixo são Macapá, Porto Velho, Maceió e Belém. O IDH mede, basicamente,
três vetores: Educação, Saúde e Saneamento. As melhores são Curitiba,
Florianópolis e Vitória.
O IDH vai de 0 a 1.
Macapá= 0,434. Curitiba= 0,696.
Voltemos ao tópico “limpeza”.
O Tripadvisor diz que a cidade mais limpa do mundo, segundo pesquisa conduzida
com seus leitores, é Tóquio no Japão. De 0 a 10, ganhou nota 9,31. Esses dias
vi um vídeo no Youtube mostrando voluntários japoneses que, após o expediente,
se dedicavam a catar lixo nos lugares mais improváveis. Cingapura já foi um
antro de imundície no passado recente. Hoje é uma joia de civilidade, limpeza e
desenvolvimento. É a segunda cidade mais limpa do planeta com nota 9,22.
Voltei de Belém, nesta
sexta-feira dia 9. Fiquei estarrecido com a sujeira na cidade. Talvez, o
turista comum que circule apenas pelos pontos mais conhecidos da capital
paraense não tenha visto o que eu vi. Nos bairros fora do cinturão central, a
impressão que se tem é a de que a cidade submerge em um mar de lixo. Pergunta
que não quer calar. Como a sociedade local aceita conviver com isso? Claro. Esta
é uma questão complexa que se perde facilmente em meandros culturais,
antropológicos e sociológicos. Pesquisei opiniões sobre o tema. Selecionei
duas.
1 | Ana - 08/05/2017 às 15:32:57
Apesar de ter nascido em Belém, não fui criada lá, moro em Curitiba e
estive recentemente visitando minha terra natal. Confesso ainda estar em choque
com a diferença cultural gritante. Cidade extremamente suja, barulhenta, com
costumes que não cabe mais nos dias de hoje. Feiras em cada esquina, sem um
pingo de higiene, aqueles açougues a céu aberto sem refrigeração. Respeito aos
vizinhos não existe, é cada um com sua música extremamente alta. Trânsito é
melhor nem comentar, multidão de taxis nem sei pra que tanto, muitas vans que
param em qualquer lugar sem respeitar se têm alguém atrás, ônibus que não
respeita nem motorista nem passageiros que tem que correr e implorar para que o
ônibus pare. Cidade que explora muito os turistas, cobrando por tudo e preços fora
da realidade. Não posso opinar em relação a políticos pois não convivo lá, mas
sei que existe um problema imensamente cultural. Assisti um jornal local na
época que lá estive que se tratava sobre a queda no turismo em Belém. No qual
estavam tentando colocar a causa do problema na crise financeira do Brasil. Me
desculpe, precisam rever este conceito, pois que esteve em Belém não volta e
não recomenda.
O comentário não representa a opinião do Diário Online. O texto escrito é
de inteira responsabilidade do autor.
2 | Rezende - 04/05/2017 às 16:25:53
Não adianta só colocar a culpa nos governantes. *Quem joga o lixo nas ruas?
É o povo; *Quem coloca os governantes que temos? É o povo; *Quem não respeita
os direitos de seu próximo? É o povo; e por aí vai, colocar a culpa nos outros
sem olhar o próprio rabo é fácil, reclamar de tudo é fácil, eleger governantes
que não servem para nada é fácil. TODO POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE!!!
O comentário não representa a opinião do Diário Online. O texto escrito é
de inteira responsabilidade do autor.
Se
você mora em uma cidade feia, suja e perigosa pense nisso: não reeleja ninguém
em 2018. Vamos começar a faxina por aí...
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