Precisamos todos de um escape da realidade nociva deste
século 21 adentrado já em mais de um decênio e um lustro. Adoro a medida de
tempo “lustro” usada como sinônimo de período de cinco anos. Os romanos, a cada
lustro, precisavam de uma purificação geral e a realizavam pela lavagem de tudo
com a água corrente (por aqui, precisaríamos entrar no Congresso Nacional
munidos de mangueiras de 80 mm de diâmetro, se é que vocês me entendem).
Antares, é uma cidadezinha gaúcha, tão pequena que não consta
do Waze. No exato 11 de dezembro de 1963, por conta de uma greve dos coveiros,
sete corpos permanecem insepultos. Um deles é o Dr. Cícero Branco, advogado que
atende duas famílias poderosas e envolvido até o pescoço com trapaças e tramoias
de deixar no chinelo a dupla Joesley-Wesley.
Os novos zumbis, levantam-se de seus caixões (ainda não havia
Thriller, de Michael Jackson) e
dirigem-se à cidade. Cada um, decidido a confrontar os vivos com verdades
incômodas após o que ,combinam uma reunião, ao meio-dia, no coreto da praça
central.
A população estarrecida, acorre em peso ao local, certa de
que testemunhará delações impensáveis por parte daqueles que, quando em vida,
jamais ousariam a tanto. O frenesi chega a níveis incontroláveis quando Cícero
Branco resolve apresentar provas de enriquecimento ilícito dos graúdos do
município. A morte, como se sabe, nos liberta dos pudores mais recônditos. O
que nos diria Lula da Silva se
tivesse que pular do esquife? Melhor nem pensar, para não anteciparmos uma
crise de proporções tsunâmicas.
Enquanto isso, em 1976, a cidade pernambucana de Bole-Bole
tenta, através de um plebiscito, mudar o seu nome. Não será tarefa fácil, já
que duas facções inimigas estão em lados opostos. Os tradicionalistas,
liderados pelo coronel Zico Rosado querem a manutenção do nome atual. Os
mudancistas, comandados pelo coronel Tenório Tavares e pelo vereador João Gibão
postulam rebatizar o município de “Saramandaia”.
O resto é história. Saiu hoje uma pesquisa do Instituto Ipsos Brasil (é bom que se
diga que o Ipsos, de origem
francesa, é a terceira maior empresa de pesquisa e inteligência do planeta). Apenas
6% dos eleitores se sentem “representados” pelos políticos em quem votaram. A
acachapante maioria de 94%, rejeita peremptoriamente, a classe política,
independentemente de partidos. Isso a pouco mais de ano das próximas eleições
para presidente, governadores, deputados e senadores.
A coisa é grave. Muito grave. Mas, ao mesmo tempo é a melhor
notícia que poderíamos ter após os treze anos de trevas em que o país soçobrou no
oceano pestilento esquerdista apoiado por acólitos sem cérebro e sem ética.
Há esperança concreta de mudanças já que, segundo a pesquisa,
81 % dos entrevistados concordam com a tese de que “o problema do País não é o partido A ou B, mas o sistema político”.
Melhor ainda é saber que 88% dos eleitores acreditam que “as pessoas deveriam se unir em torno de causas comuns e não brigar pelo
partido A ou B”.
Antares, como se sabe, só existe no realismo fantástico de um
de nossos melhores escritores, o gaúcho Érico
Veríssimo. Saramandaia, é obra do grande dramaturgo baiano Dias Gomes. A icônica Dona Redonda, um de seus personagens,
explode de tanto comer. Nós, brasileiros, estamos prestes a explodir de tanta
indignação e nem precisa que um Cícero Branco venha da sepultura para nos
convencer a enfiar uma estaca no coração do sistema político corrupto e
impatriótico.
Há, definitivamente, um prenúncio de vida nova em 2018!
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