Você, caro leitor, certamente não tem tempo nem paciência para
saber quantas pessoas estão situadas abaixo da linha da pobreza em seu
município. Mas, arrisco dizer que muito provavelmente você é contra o “Bolsa
Família”. Dentre as argumentações negativas mais utilizadas está a de que o
programa de distribuição de renda é um incentivo à vagabundagem e à acomodação
de quem o recebe. Antes de prosseguirmos permitam-me apresentar os dados sobre
a população de extrema pobreza no município de Curitiba, onde moro. Curitiba é o
quarto município mais rico do Brasil com um PIB per capita de R$30.400,00 (os
dados são do Censo IBGE 2010).
Pois bem. Há em Curitiba 16.937 cidadãos que vivem com menos de R$
70,00 por mês. Viver aqui, claro, é tão somente um eufemismo
constrangedor. Ninguém consegue viver com dois reais e trinta e três centavos
por dia. Você pode até alegar que o número é muito pequeno: menos de 1% da
população, mas dados estatísticos não colocam comida na boca dessas pessoas.
Somos competentes em estatísticas. Com paciência você encontra na
internet números para tudo. Veja a composição desses cidadãos por faixa etária:
População
em extrema pobreza por faixa etária (anos)
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0 a 3
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1.601
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4 a 5
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641
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6 a 14
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3.510
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15 a 17
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739
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18 a 39
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4.683
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40 a 59
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2.830
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65 ou mais
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2.933
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Total
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16.937
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Das pessoas com mais de 15 anos 1.008 não sabiam ler nem escrever
o que representa 9,2% desta faixa etária sendo que 476 eram os chefes de
família. As mulheres são a maioria dos
extremamente pobres (56%). Os homens são 44 %.
Se tomarmos o total de famílias que se beneficiam do programa em
Curitiba chegaremos a 33.458 ( dados de novembro/2013). O programa custou aos
cofres públicos em 2012 exatos R$
51.113.128,00. A ínfima quantia de 0,02% do PIB paranaense.
Em nível nacional, o Bolsa Família beneficia 13,8 milhões de
brasileiros ao custo módico de 0,5% do PIB.
O Bolsa família (com este nome) completa dez anos de vida. Mas,
todos sabem que o programa nasceu no governo de Fernando Henrique Cardoso e
inegavelmente tem sido um modelo internacional de mitigação da pobreza.
A forma de não se perpetuar o programa é dar educação de qualidade
às crianças das famílias beneficiárias já que, em sã consciência, não se pode
esperar que os seus pais, com o nível de instrução que possuem, possam
minimamente participar do processo produtivo nacional. Esse é o ônus social que
nos cabe. E até que não é muito, quer ver?
Você sabia que o volume de sonegação no Brasil é vinte vezes maior
do que o Bolsa Família? A informação
é do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (SINPROFAZ). O
placar on-line do “Sonegômetro” nos mostra que até esta semana já foram
sonegados no país R$ 400 bilhões de reais. Isso é quase 10% do PIB de 2012!
Cálculos
estimativos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento apontam também
o montante da corrupção no Brasil que ,segundo o órgão, beira os 200 bilhões de
reais ao ano. Ou seja: sonegação + corrupção = 600 bilhões.
Mas a coisa não
para por aí. A isso deve-se somar a estonteante quantia de R$ 1,4 trilhões de
reais que representam o volume da Dívida Ativa da União ( a soma de todos os
créditos tributários e não tributários devidos depois de esgotados os prazos de
pagamento) e que o governo não tem sido competente em reaver.
Tudo somado, a
conta do desvio de dinheiro no país chega a inacreditáveis R$ 2 trilhões de
reais. Isso é simplesmente 37,93% do PIB da sétima maior economia do planeta!
Enquanto isso o
Ministério Público Federal encaminhou à Justiça 2.240 ações de improbidade
administrativa até este mês de 2013 (quase 187 por mês). E aí nem está
computado os 500 milhões de reais do esquema fraudulento descoberto na
Prefeitura Municipal de São Paulo.
Como você vê, o Bolsa Família é dinheiro de pinga...