As datas
nacionais geralmente são motivo de orgulho para os cidadãos.
Nos Estados
Unidos a cada 4 de Julho, dia da Declaração de Independência no ano de 1776, o
país reafirma seus votos de poder sem concorrentes em festividades cívicas que
vão do Alaska à Flórida.
Na França, no
14 de julho, dia da tomada da Bastilha em 1789, data icônica da Revolução
Francesa, a população reverencia os ideais que influenciaram mentes libertárias
de todas as culturas.
A China celebra no dia 1 de Outubro, a fundação da sua República Popular
nascida em 1949 com toda a pompa militar e o exacerbado orgulho recorrente de
milênios de autossuficiência.
Portugal comemora não uma, mas duas datas magnas: a morte do maior
escritor da língua Portuguesa Luís Vaz de Camões em 10 de junho de 1580 e 25 de
abril de 1974 - Dia da Liberdade- que celebra a Revolução dos Cravos e a derrocada do
regime ditatorial então vigente. Um misto de orgulho épico pelas conquistas de
além-mar e a entrada do país na modernidade democrática.
E nós, brasileiros, ainda não aprendemos o verdadeiro significado do
nosso 7 de setembro. Sempre associamos este dia com paradas militares. Durante
o período da ditadura os palanques eram avidamente disputados por aqueles que
queriam bajular os generais carrancudos de peito estufado.
Ontem, pela TV, vimos outro pronunciamento da governante atual tão
eloquente quanto a letra de um pagode.
A bem da verdade, arrisco dizer que este deve ter sido sempre o tom desde
1822 com nossos mandatários usurpando a data magna da nação para sua autoindulgência
político-partidária.
No 7 de setembro de 1937 Getúlio Vargas criticava os políticos da época ao mesmo tempo
em que elogiava “as democracias fortes”. Em um dos tópicos mais polêmicos deixou a
plateia perplexa ao insinuar que “era preciso revogar as constituições que
atrapalham a vida de um país”. Com efeito, no dia 10 de novembro do mesmo
ano, Getúlio deu um golpe de estado implantando uma ditadura (O Estado Novo) que
durou até 29 de outubro de 1945.
Disse um cronista da época “A opinião
pública está extenuada. Nada mais a comove, nada mais lhe causa pasmo, nada
mais a pode indignar. No atual estado de coisas, quando se desenrola uma
política de que ela é mera paciente e espectadora, ela não procura intervir,
nem reclamar, nem mesmo compreender. É nessa dolorosa situação, que o Brasil
festejou o 115º aniversário de sua independência”.
Pulemos para 2009. Lula usa o 7 de setembro para, em tom ufanista, falar
de todas as possibilidades sobrenaturais do pré-sal esse “deus” que iria nos
redimir para sempre de nossas mazelas históricas.
O ghost-writer de Lula
escreveu como epílogo uma bela frase que ele e seus seguidores, como o futuro
confirmou, não tinham a menor intenção de colocar em prática:
“Uma democracia só se
fortalece com a participação da sociedade. Por isso se mobilize, converse com
seus amigos, escreva pra seu deputado, seu senador, pra que eles apoiem o que é
melhor para o Brasil.
O Brasil não tem medo de
crescer, nem de buscar os melhores caminhos. Não vai ficar preso a dogmas, a
modelos fechados ou a falsas verdades.”
2103. Nada mudou. Apesar do desejo de todo presidente passar para
a história como um “estadista”, Dilma uma vez mais cansa nossos ouvidos tentando
nos fazer crer que seu governo é um primor de estratégia desenvolvimentista,
ética paradigmática e rigor administrativo. Leia alguns dos principais trechos do
pronunciamento:
“ No segundo trimestre fomos uma das
economias que mais cresceu no mundo. Crescemos em todos os setores, e a
indústria e os investimentos mostraram franca recuperação. Falharam mais uma
vez os que apostavam em aumento do desemprego, inflação alta e crescimento
negativo”.
“Vamos manter o equilíbrio fiscal, o estímulo
ao investimento, a ampliação do mercado interno e a garantia de nossas reservas
internacionais para estabilizar as flutuações do mercado cambial”.
“Não podemos aceitar que uma capa de
pessimismo cubra tudo e ofusque o mais importante: o Brasil avançou como nunca
nos últimos anos.”
“O Pacto pela Estabilidade Fiscal está mobilizando nossos esforços para manter equilibradas as contas públicas e a inflação sob controle. Isso é fundamental para que o Brasil cresça e continue gerando empregos”.
“O Pacto da Reforma Política e Combate à Corrupção acaba de dar um bom passo com a proposta de decreto legislativo para a realização do plebiscito. Queremos mais transparência, mais ética, honestidade e mais democracia.”
“Esse é um momento que exige coragem
e decisão em todos os sentidos. A coragem é irmã da liberdade e mãe de todas as
mudanças. Esse é um momento de fazer o governo chegar cada vez mais perto do
povo, e do povo participar cada vez mais das decisões de governo.”
“Devemos transformar a riqueza finita
do petróleo em uma conquista perene da nossa sociedade. A educação é a grande
estrada da transformação, a rota mais ampla e segura para o Brasil seguir
avançando e assegurando oportunidades para todos, o verdadeiro caminho da
independência.”
Seria ótimo
se fosse verdade... Um verdadeiro estadista é o catalisador que opera o milagre
de transformar um país em uma nação. Como dizia o escritor estadunidense James
F. Clarke (1810-1888) “Um político
pensa na próxima eleição. Um estadista, na próxima geração."
Enquanto
isso, os Black Blocs tresloucados agora possuem um novo adepto. Caetano Veloso
aos 71 anos dá mostras de que a senilidade matou o “Menino do Rio – calor que
provoca arrepio”. Sua frase de efeito
quem sabe vire uma música, ou talvez um show: "É uma violência simbólica
proibir o uso de máscaras. Dia 07 de setembro todos deveriam ir as ruas mascarados!".
Um país que
não sabe o que fazer com sua data nacional tem um futuro sombrio.
Tenham todos
um excelente domingo!